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A Nata da Sociedade Sambou no Asfalto

Sorocaba mudou. E mudou para melhor. Depois da concorrida feijoada do Ipanema Clube, a nata da sociedade saiu às ruas e sambou no asfalto. Nem o sol escaldante impediu que belas e elegantes mulheres dominassem o salto alto, abrissem largos sorrisos e acompanhassem o poderoso trio elétrico “Atomix”, o maior do interior paulista com mais de 80 mil watts de som. Subiram a estafante rua 7 de setembro e desceram até o final da Barão de Tatuí, num trajeto de três quilômetros. Muita gente testemunhou esse show que inundou de alegria as vias centrais.

No comando estava o dedicado delegado José Humberto Urban Filho, presidente do Ipanema Clube. Profissional austero no combate ao crime, em sua atividade social ele demonstra toda alegria em promover a paz. Congraça, brinca, comanda a folia como fosse um carnavalesco das grandes escolas de samba do Rio de Janeiro.

Como é gostoso ver isso. Vendo esse jovem dar exemplos bons, recordo-me do seu tio Tadeu, colega de escola; do seu pai Urban, que atuou durante longos anos na 14ª Circunscrição Militar e, depois, se tornou juiz. Um filme passa na minha cabeça e recordo-me do seu pai ainda jovem namorando a Emília, então uma das mais elegantes e belas garotas da cidade.

Acredito que, em outro plano, Urban deve estar feliz e orgulhoso pelos caminhos que o filho escolheu. Ao seu lado, aplaudindo, deve estar o Pedro Salomão José, um dos grandes construtores da melhor cultura sorocabana.

Gosto do Carnaval. Da alegria espontânea, da igualdade democrática, onde ricos e pobres se nivelam para “ouvir todo povo meu corpo aplaudir/ a minha escola a evoluir, minha ala comigo passar, como” poetaram Ewaldo Gouveia e Jair Amorim em “O Conde”.

A felicidade não está no dinheiro, mas permanece contida dentro de nós. Temos o poder de aprisioná-la em camadas de inveja, ódio, ranço, orgulho, prepotência etc.

Mas, também podemos abrir os nossos corações e libertá-la, para sentirmos a energia do amor e propagar o bem. Existem ricos pobres de espírito e pobres muito ricos. Ao contemplar a nata da sociedade sambando no asfalto testemunhamos a própria evolução da humanidade.

Ficou chocado com o que escrevi? Então, explico melhor. João Ângelo Gaiarça, o notável psicólogo e psiquiatra, após longos anos de estudo, concluiu: conhecemos pouco de nós mesmos. Quando olhamos num espelho, verificamos o cabelo, a maquiagem, a barba, os dentes, enfim homens e mulheres apenas olhamos detalhes estéticos.

Não olhamos os próprios olhos ou expressões do rosto. Não percebemos as mensagens que transmitimos em linguagem corporal. Ou seja, quando conversamos com alguém por 15 minutos, essa pessoa nos observa (e vice-versa) por muito mais tempo de que nós nos observamos por um ano.

Historicamente, pela teoria de Darwin, descendemos de macacos e aprendemos a ficar em pé. Por milhares de anos, andamos em trilhas, “em filas indianas“. Assim, aprendemos a olhar no rabo dos outros e jamais olhamos o nosso rabo. Resultado: falamos dos outros sem ter em conta que nosso teto é de vidro.

O Carnaval é uma festa da igualdade. Um período que nos permite sermos livres como crianças, inclusive dançando na rua. Assim, cabe uma reflexão. Quando odiamos alguém, esse ódio só faz mal a nós mesmos. Causa estresse e, consequentemente, doenças psicossomáticas.

Até por questão de inteligência, devemos trocar o ódio pelo perdão. Mas, evidentemente, isso não quer dizer que o nosso desafeto vai nos perdoar. Entretanto, se ele continuar nos odiando, a dor será dele e as doenças também.

Portanto, telefone ou procure contato agora mesmo com quem você tem alguma rusga, inimizade ou até decepção. Imagine que você está num mesmo trio elétrico, sorrindo, cantando, amando. Para viver cada vez melhor, mergulhando sem medo numa energia boa, gostosa e contagiante…

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